Cada um sabe o que faz com as
certezas que tem. Sabe por onde ir, ou se não sabe, sabe onde tem de chegar.
Tem noção da disparidade da locação do desejo e o alcance do braço. Os livros
que vai ler e qual deles, referenciar. O que diz. O que faz. Cada um sabe, não
é? Certezas próprias são fragmentos de referenciais sutis, projeções curtas. Valeria
uma aposta de má fé, uma massagem no ego, um refluxo. A certeza só vale para
quem a tem. O autor, a testemunha, o mentiroso. O que existe ou até mesmo a
reinvenção do real, que para quem acredita, de certa forma funciona como
certeza. Todos torcem para estarem certos. Todos torcem para receber os olhares
de “você tinha razão” por um único segundo que seja. Ter razão alimenta.
Acelera o passo. Dá vontade. É complicado explicar, exigiria a definição de
alguns hormônios (acho), sem falar na minuciosa explicação de sentimentos de
superioridade. Superior-idade, acredito que é isso e a palavra já soa como
termo alto-explicativo. E chega a ser interessante quando algo dispensa uma
explicação. É menos constrangedor, mais abrangente e evita perguntas. Excelente. Evita esse busca de respostas, e
constantes intervenções. Não é bom responder nem ser interrompido. Eu,
particularmente, não gosto de falar. Se eu já sei, não sinto necessidade que
alguém mais saiba. Há quem não concorde, mas minha defensiva é assim e tem
funcionado. Hoje por exemplo, eu não teria a quem contar. Embora também não
tivesse o que. É tudo uma questão de princípios, como as não demonstrações de
afeto, a pessoa fria. Eu nasci com isso. E já não faço como amador, embora ame
às vezes. Muito às vezes. Bem raramente. Optei por trocar minha vida amorosa
por uma vida social, e o que eu escolhi para minha vida me obrigou uma troca
acadêmica (Num fundo bem fundo, tudo que eu vivo acaba sendo escolha minha). De
qualquer forma, eu sou um desastre amando. Nesse sentido sou um amador nato, é
bom frisar. Eu tenho diversos ritmos e até agora só existe uma pessoa por aí
que me acompanha. E este, sou eu. (Eu já falei que sou egoísta? Não importa!)
Importa, quando eu falo de existência, que hoje existe alguém que valeria uma
tentativa de regularização. Freqüência, período. Um alguém que já é de outro
alguém. Eu sou parte tão importante de uma quadrilha de minha vida, que no fim
das contas eu acabaria como “J. Pinto Fernandes que não tinha
entrado na história” (Carlos Drummond). Um fiasco. Meu historio afetivo tem
manchas escuras e isso facilita o entendimento de: “O lápis de cor vermelho
sempre sobra no estojo”. Comigo, quase sempre acaba-se primeiro o azul. Depois
o preto, por conta dos contornos. Sendo
que, faço bastante uso do amarelo também. Mas no fim sempre sobra o vermelho e
aquelas cores inutilizáveis, como amarelo-queimado. Serio, não consigo
assimilar algo real que possa ser visto com bons olhos no papel pintado com
amarelo-queimado. Pra pintar algo de uma cor assim, teria que ser algo
extremamente dispensável, como geologia, por exemplo. Mas como pintar “Uma
geologia?” Eu sinceramente não sei. E essa é só uma das coisas que eu não
saberia desenhar/pintar. Exemplos simples que eu também não saberia, seria “Uma
amizade”, “Uma confiança”, ressaltando meu desejo ápice que é ver desenhado,
“uma organização” (só para entendimento mesmo), ou até mesmo “um espaço com n dimensões”,
essas coisas. N dimensões deve tirar qualquer mosca do serio. Bitoladas a não
enxergar o óbvio, o sólido, o real. Deve ser interessante viver em algo mais
complexo e não se dar conta (encaro isso como ironia). Eu poderia explicar
melhor se minha bióloga preferida, não tivesse ido dormir, ou ainda assim, não
estivesse no inicio do curso. Não importa, só queria mesmo (e de qualquer
forma), falar de Moska. E não só por
Admiração, mas também pela Idade do céu (minha música preferida) e grande parte
do seu trabalho, excluindo logicamente “Me chama de chão”. É um pensamento muito
pequeno e até fraco, eu diria. Pensamento tão pequeno quanto uma certeza. O que
eu quero dizer é que embora as “mosckas” tenham certeza de algo e afirmem sobre
isso, (ou até venham a apostar), elas só consentem uma certeza relativa. Por
não conseguirem ver o real. Como todo mundo faz por não conhecer o que existe
além do que se enxerga. Sabe como é, não é? Eu nunca vi uma organização, nem
uma confiança e tampouco um espaço de N dimensões. Eu sou só mais um amador em
práticas raras do que talvez nem exista. Isso é bom. Dá a idéia de que é
inevitável não fluir. Não escorrer. Não se acumular, em qualquer parte mais
baixa como tudo o que é gente faz. Como tudo que é fluido faz. Fazendo graça, vai
tudo seguindo com aquela mesma sensação de mar. E eu? Rio.
Um comentário:
Gosto de ler você (:
Lembra-me uma pessoa que, certa vez, conheci e que se perdeu em algum lugar.
Não se perca.
=)
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